A Tolerância no Islam

 

Ao definirmos um de seus aspectos mais importantes, Islam, significa submissão a Allah por escolha e convicção, não por sedução ou compulsão.

 

 

O Islam acomoda e acolhe a todos como irmãos e irmãs, independentemente de suas afiliações particulares ou distintas, ou seus antecedentes. A atitude islâmica para com os seguidores de outras religiões é não só para mostrar tolerância para com as suas crenças, mas também para afirmar um princípio inegociável islâmico de tolerância e responsabilidade religiosa.

Não há compulsão na religião! Com efeito, distingue-se a retidão da depravação. Então, quem renega At-Taghut e crê em Allah, com efeito, ater-se-á à firme alça irrompível. E Allah é Oniouvinte, Onisciente.” [Surah al-Baqara (2):256]

 

 

Na verdade o Islam, através do curso de sua história, concedeu às pessoas de outras religiões o maior grau de tolerância, permitindo-lhes seguir o seu caminho, embora algumas de suas práticas pudessem conflitar com a religião da maioria. Foi este grau de tolerância que os muçulmanos adotaram para com seus cidadãos não muçulmanos.

 

Há outro aspecto desta questão que não pode ser encontrado nas leis escritas, nem pode ser aplicado pelos tribunais ou governos: é o espírito de tolerância que subjaz atitudes retas, relações benevolentes, respeito para com os vizinhos e todos os sinceros sentimentos de piedade, compaixão e cortesia. A execução e o relato de tais atitudes são exigidos de todos os muçulmanos e não podem ser obtidos através de legislação constitucional ou a jurisdição do tribunal. [1]

 

Muitos ensinamentos Corânicos têm enfatizado relações com não muçulmanos com justiça e respeito, especialmente aqueles que vivem em paz com os muçulmanos e não criam inimizade contra eles.

Allah não vos coíbe de serdes blandiciosos e equânimes para com os que não vos combateram, na religião, e não vos fizeram sair de vossos lares. Por certo, Allah ama os equânimes.” [Surah al-Mumtahina (60):8]

E cedem o alimento - embora a ele apegados - a um necessitado e a um orfão e a um cativo, dizendo: "Apenas, alimentamo-vos por amor de Allah. Não desejamos de vós nem recompensa nem agradecimento.” [Surah al-Insan (76): 8-9]

 

Embora muçulmanos possam discordar de outros sistemas ideológicos e dogmas religiosos, isso não impede que demonstrem a maneira correta de discussão e interação com os não muçulmanos:

E não discutais com os seguidores do Livro senão da melhor maneira - exceto com os que, dentre eles, são injustos - e dizei: 'Cremos no que foi descido para nós e no que fora descido para vós; e nosso Deus e vosso Deus é Um só. E para ele somos moslimes.'” [Surah al-Ankabut (29):46]

 

Neste contexto, é conveniente levantar a questão: será que a tolerância a outras religiões, como pregado pelo Islam, é uma questão para que os muçulmanos decidam? Por uma questão factual, a tolerância no Islam tem base ideológica no Qur'an e nos ensinamentos do Profeta Muhammad, e não está sujeito a qualquer interferência humana. Portanto, é um princípio islâmico diuturno, que não muda ao longo do tempo ou lugar. De acordo com o Qur'an, cada ser humano deve ser honrado como Allah os honrou:

E, com efeito, honramos os filhos de Adão e levamo-los por terra e mar e demo-lhes por sustento das cousas benignas, e preferimo-los, nitidamente, a muitos dos que criamos.” [Surah al-Isra (17):70]

 

O Islam é a revelação final de Deus Todo Poderoso e é a religião da verdade universal para toda a humanidade. Tudo de suas doutrinas pode suportar qualquer desafio. Portanto, a existência de várias religiões - feitas pelo homem ou religiões supostamente reveladas - são apenas para permitir que o intelecto humano escolha. Os seguintes trechos do Qur'an enfatizam estes princípios:

Allah testemunha - e, assim também, os anjos e os dotados de ciência - que não existe deus senão Ele, Que tudo mantém, com eqüidade. Não existe deus senão Ele, O Todo-Poderoso, O Sábio. (18) Por certo, a religião, perante Allah, é o Islão. E aqueles, aos quais fora concedido o Livro, não discreparam senão após a ciência haver-lhes chegado, movidos por agressividade entre eles. E quem renega os sinais de Allah, por certo, Allah é Destro no ajuste de contas.” [Surah al-i-Imran (3):18-19]

E, se teu Senhor quisesse, todos os que estão na terra, juntos, creriam. Então, compelirás tu os homens, até que sejam crentes?” [Surah Yunus (10):99]

 

O Islam espalhou-se para toda parte do mundo a fim de transcender e elevar a humanidade acima do racismo, ignorância, superstições e injustiça. Portanto, não havia necessidade de conversão forçada para a verdadeira religião de Allah. Basicamente depende de as pessoas usarem o intelecto, com o qual Allah lhes abençoou, e escolherem. Esta é a razão porque centenas de milhares de pessoas continuam revertendo-se ao Islam, tão logo descobrem a verdade sobre isso.

 

Elas abraçam o Islam por vontade própria e sem qualquer sedução ou compulsão. Muitos dentre eles são cientistas, políticos, advogados, evangelistas e até mesmo pessoas famosas: Cat Stephen (agora Yusuf Islam), o ex-cantor famoso de pop; M. Hoffman, o Embaixador Alemão em Marrocos, que recentemente escreveu um livro revelador chamado, “Islam is the Alternative”; Morris Bucaille, o famoso cientista francês que aceitou o Islam após sua longa pesquisa científica e religiosa, que está resumida em seu livro “The Bible, The Qur’an and the Science”; Sr. Olson, o Embaixador dinamarquês na Arábia Saudita, que declarou em uma entrevista para uma rádio que: “se as pessoas soubessem a realidade do Islam, milhões abraçá-lo-iam” [2]. A lista daqueles que procuraram a verdade do Islam é extensa demais para ser mencionada aqui. Ela inclui pessoas de todas as esferas da vida.

 

Em seu artigo “When the Moors Ruled Spain”, Thomas J. Abercrombie (escritor da equipe do The National Geographic), revelou muitos fatos sobre as contribuições com as quais os muçulmanos presentearam o ocidente. Ele também faz alusão à justiça e à tolerância do governo islâmico: onde judeus, cristãos e muçulmanos viveram pacificamente, lado a lado, por mais de sete séculos. Ele então gira 180º para falar brevemente sobre as atrocidades cometidas pelos cristãos católicos posteriormente:

“Foi aqui, muito tempo depois de Alfonso VI que as primeiras vítimas de uma crescente intolerância cristã pereceram na fogueira. Em 1469 o príncipe Ferdinand de Aragão casou-se com a princesa Isabella de Castela. Durante a guerra contra os mouros ao Sul, eles veriam como uma ameaça os muçulmanos e os judeus em suas próprias terras. Em 1480, estabeleceram a Inquisição espanhola. Antes que tudo estivesse acabado, três séculos mais tarde, milhares de muçulmanos e judeus tinham morrido; cerca de 3 milhões de pessoas foram levadas para o exílio. Em falta de seus principais empresários, artistas, agricultores e cientistas, a Espanha em breve seria vítima de sua própria crueldade.” [3]

 

Iriving (1973) em seu livro “The Falcon of Spain”, descreveu a posição dos cristãos e judeus sob o tolerante domínio muçulmano em oposição à intolerância selvagem dos governantes espanhóis, com as bênçãos do papa:

“Lado a lado com os novos governantes, viviam os cristãos e os judeus em paz. Este último, rico com comércio e indústria, estavam contentes de deixar dormir a memória da opressão pelos padres godos, [os judeus foram virtualmente eliminados da Península Hispânica no século VII pelos cristãos] agora que os primeiros autores desse fato tinham desaparecido. Eruditos em todas as artes e ciências, cultos e tolerantes, eles foram tratados com todo o respeito pelos mouros [muçulmanos da Espanha] e multiplicaram-se excessivamente em toda a Espanha; e, como os espanhóis cristãos sob governo mouro - que foram chamados de Moçárabes - tiveram de agradecer aos seus novos senhores pela era de prosperidade que eles jamais haviam visto antes.” [4]

 

Esse tipo de tolerância marcou a relação entre muçulmanos, cristãos e judeus. Os muçulmanos deram às pessoas a oportunidade de decidir por conta própria. Gibbon (1823) salientou o fato de que os muçulmanos da Espanha cumpriram os ensinamentos do Islam; eles não oprimiram os cristãos e os judeus, mas trataram-nos com tolerância inigualável.

 

Em tempos de paz e justiça, os cristãos nunca foram obrigados a renunciar ao evangelho ou a abraçar o Qur'an. [5]

 

No Islam, a injustiça é considerada como um dos maiores pecados. Por conseguinte, oprimir as pessoas porque eles têm diferentes crenças é rejeitado. O Profeta Muhammad disse: “A súplica do oprimido, ainda que ele seja um pagão, é ouvida (por Allah) diretamente, sem qualquer véu.” [6]

 

Notas:

[1] Yusuf al-Qaradawi. Non-Muslims in the Islamic Society. (Tr. by K. M. Hamad and S.M. A. Shah) American Trust Publication, Indianapolis, 1985. P. 28.
[2] The Islamic Magazine , The Qur'an radio station 16/2/1415.
[3] Thomas J. Abercrombie. When the Moors Ruled Spain. National Geographic, julho 1988, p. 96.
[4] T. Irving. The Falcon of Spain. 1973, p. 72.
[5] E. Gibbon. The Decline and Fall of the Roman Empire VI, 1823, p. 453.
[6] Musnad Ahmed

 

 

Fonte: IslamWay.Net [Abdullah Alqahtani]

Tradução e Adaptação: Islane Castelo